segunda-feira, 10 de maio de 2010

Tudo insano.


Um copo de café ao acordar, duas torrada com geleia e
aquele gosto esquisito na boca e a sensação de não estar
realmente acordada.
Quando o meu dia começa assim ele permanecerá. Pelo menos
é essa a impressão que tenho.
A impressão que o dia não acaba nunca, que o ano passa num dia
só, um dia muito distante de mim e com aquela sensação de
não estar acordada.
De repente percebo tudo amortecido e nem percebo que começou
tudo de novo e não tem previsão para terminar. O tempo passa
de uma forma pelicular, vejo o sol nascer, e vejo o sol nascer
e nascer de novo.
Acordo, acendo um cigarro e fico observando a fumaça, enquanto
isso as luzes das casas e prédios se acendem, ouço buzinas
distantes de algum outro lugar onde há pessoas acordadas e isso
parece uma eternidade, a impressão que tenho é que o dia não
acaba nunca.
Eu não precebo quando começou ou quando começa e nem tenho
previsão de quando termina. E aquela sensação constante de
déjà vu. De repente tudo estar amortecido e eu ouço buzinas
distantes, o barulho da geladeira, olho pro calendário e
pergunto a mim mesma se já não tinha olhado antes, porque eu
tinha certeza que não era sábado, faço notas mentais para me
lembrar que hoje é sábado, até parece que eu fumei um chá.
Se o dia começar assim, ele provavelmente nunca terminará.
E todo aquele barulho de buzinas, geladeira e todos os outros
zumbidos se misturam com o gosto ruim da boca que se mistura
com o café que se mistura com o cigarro que se mistura com
o calendário, domingo.
Pelo menos era essa a impressão que eu tinha. Tento me lembrar
das noites mentais, porque tinha certeza que era domingo, não
é exatamente uma confusão, não é exatamente precisão e eu não
estava exatamente acordada.
Pelo menos essa era a impressão que eu tinha, ou ainda é a
impressão que eu tenho.
Uma caneca de café, os cigarros acabaram, eu faço notas mentais,
preciso comprar uma carteira de cigarro, limpar meu quarto,
segunda-feira.
Acordo a noite, a televisão está ligada, mais eu não
me lembro de estar assistindo televisão, a janela está aberta e
a luz da lua amortecida por outras luzes de postes e de prédios
de algum lugar onde há buzinas e luzes apagadas.
A sensação que tenho no estômago é que estou descendo de uma montanha
russa a cada minuto, está tudo desconfigurado e toda aquela ressaca
física e moral... Está tudo tão insano.

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