terça-feira, 18 de maio de 2010

Buraco Negro - O Início


Eu andei pela praia, pisando descalça na areia gelada, pensando!
Ao final de uma longa caminha, da qual eu nem senti, só percebi
mesmo porque o sol já tava brilhando no céu e as pessoas começavam a
chegar, eu não me lembrava o que tanto havia pensado.
Sentei na areia e fiquei apenas contemplando a beleza infinita do
mar e ouvindo o som da água salgada lambendo a areia.
Senti o peso do cansaço de toda uma vida nas minhas costas, eu não
queria sair dali por nada, queria ficar pra sempre ali, queria
fazer parte daquele lugar.
Eu não sei nem como cheguei ali, nem sei o que pensei, só sei que
levantei cedo com o coração apertado, angustiado e então resolvi
sair as presas, sem olhar pra trás.
Quanto mais eu andava rápido, mais parecia demorar a chegar.
Mais chegar aonde? Eu sabia.
Eu queria mesmo continuar andando, sem olhar pra trás, isso fazia
com que eu não me preocupasse com o fim, com a chegada e com um
novo início.
O sol nem tinha saído ainda quando eu me sentei e a dúvida pairou no ar.
Não sei quanto tempo eu fiquei ali, mais quando percebi o som do
mundo chegou aos meus ouvidos, o barulho dos carros, das pessoas, dos
pássaros, dos vendedores ambulantes, das crianças, tudo preencheu o
silêncio em que eu estava.
E toda aquela abstração se foi, olhei a toda volta, o céu estava limpo e
claro, o sol brilhava todo majestoso no céu, as pessoas passeavam felizes,
uns com amigos, outros com seus filhos, outros com suas namoradas,
outros com seus bichinhos de estimação...
Enfim, o que eu tava fazendo ali, sentada, sozinha?
Foi nesse momento que me bateu um desespero, o medo que eu sempre temi,
a solidão!
A solidão que me refiro é aquela velha sensação de estar completamente só,
por mais que eu esteja numa roda de amigos, de conhecidos...
Durante esses últimos dias eu sentia esse vazio em mim, dentro do meu peito, doía,
mais não era uma dor física, era uma dor muito pior.
Meus amigos me ligavam, iam à minha casa, eu saia com eles, bebia horrores,
fumava horrores... Troquei ideias com eles sobre diversos assuntos, ouvi
músicas, fiquei de virote, eu estava bem lá com todas aquelas companhias,
mais ainda assim existia um buraco dentro de mim, me puxando pra dentro dele,
eu estava afundando cada vez mais e mais, e quando eu voltava em casa não
existia mais nada, apenas um buraco negro cheio de lembranças, saudades e dor, eu
estava vazia, dopada...

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