sábado, 17 de abril de 2010

Tudo tem seu momento


Quando as palavras me faltam, a melhor coisa
a fazer é eu calar a boca.
Quanto mais eu tenho a dizer,
menos palavras me ocorrem. Quanto menos
eu falo, mais eu penso.
Quanto mais eu penso, mais coisas tenho a dizer.
Isso é um verdadeiro paradoxo para me deixar mais
confusa e contra mim mesma.
Esse jogo é o que costuma acontecer comigo diariamente,
um auto-flagelo, uma força que me faz querer fazer e se
eu não fizer estou fudida, mais se eu também não fizer
estou fudida do mesmo jeito, enfim me fodo de qualquer
forma, mais também não é o fim do mundo, só não estou
livre dessa sabotagem.
Tenho medo de falar a coisa errada, ou de não falar nada.
Tenho medo de compromisso, mais também tenho medo da
solidão.
Tenho medo de ferir alguém, ou medo de me ferir.
Tenho medo de conseguir algo e no final descobrir
que não era aquilo que eu pensava.
Tenho medo de descartar e arriscar outra jogada.
Eu posso fazer uma jogada, mais não quero pagar pra
ver. Fico no blefe, tento enganar a mim mesma, e no
final nem jogo existia, era tudo ilusão da minha cabeça.
NO certo momento da minha vida eu percebo que aprendi
com meus erros, mais será mesmo? E porque eu acabo
errando de novo?
Será que adianta eu me iludir e continuar blefando,
na ilusão de que um dia vou sair invicta?
O medo de tentar, de pensar errado me fez parar e
pensar.
O medo de falar a coisa errada me tornou muda, o medo
de ver algo que não quero, me deixou cega, o medo de
fazer a coisa errada me deixou estática.
Em pensar que quando eu acho que estou fazendo a coisa
certa, na verdade estou fazendo errado.
O medo de fazer algo se tornou uma parte de mim, uma
verdade que evito, e não quero assumir.
Um dia eu vou viajar pelo mundo e conhecer todas as
belezas que ele tem a me oferecer, um dia vou sair de
carro estrada afora, com o som bem alto, um dia eu vou
voar, um dia eu vou pilotar um avião, um dia vou aprender
a tocar gaita, um dia vou ser quem eu realmente sou,
sem ter medo, sem me machucar, sem que ninguém me evite.
Mais um dia eu vou morrer, e esse é o único dia que vai
chegar com absoluta certeza, eu vivo, porém sei que tem
esse pequeno erro inevitável, mais de certa forma admissível.
Uma atmosfera de vontade proibida, aquelas palavras não ditas
que me devoram aos poucos. As horas, os dias passam e eu
continuo com a mesma sensação de que tenho algo pra fazer,
mais não sei o que é, nem consigo me lembrar exatamente e
aquilo perpétua nos meus pensamentos.
Vivo o meu presente, porém penso no futuro, mais não faço
nada e consequentemente não acontecerá nada no depois.
Na falta de algo bom, eu fico com a ausência do pior, ou do
melhor, é assim que funciona quando penso nas consequencias,
é sempre bom lembrar que tudo que eu faço, é tudo que eu fiz,
tudo que eu digo, é tudo que eu já disse. Mais como eu já
disse, quando as palavras me faltam é melhor eu calar a boca,
e fazer alguma coisa antes que o jogo termine, mesmo eu
tendo a certeza de que posso me tornar mais vulnerável ainda.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O amor é como fumaça!


Depois de tantos dias ensolarados, o frio chegou.
Eu não aguentava mais aquele sol lindo brilhando no
céu e me queimando ao passar.
Não que eu não goste dele, mais prefiro o inverno,
frio e calmo.
E foi num desses amanhecer frio que eu me envolvi
com algumas das minhas reminiscências e mergulhei
nelas de uma forma muito surreal.
Todas as lembranças que surgiram naquele momento
foram de algumas pessoas que passaram pela minha
vida, e que hoje não tem mais nenhuma importância
pra mim, e na época eu julgava amá-las, assim como
elas.
Mais quando eu estava envolvida em todas essas
lembranças foi como se elas nunca tivessem
acontecido, parecia tão distânte, um sonho que
nunca sonhei.
Pensei comigo: Como isso pode ser possível, você
viver algo e depois de um tempo não ter mais
nenhum significado pra você?
Por isso que as vezes me pergunto: Será que existe
realmente 'Amor incondicional?'
Hoje em dia dizer 'eu te amo' se tornou tão
obsoleto e muitos dizem isso de uma forma tão
banal.
Eu tentei forçar meus pensamentos pra que eu me
lembrasse de tudo, ou quase tudo que vive com essas
pessoas, e eu me lembrei e continuei
a achar surreal. Ri de mim mesma, sozinha ali no
meu quarto escuro, pois me recordei de algo
que escrevi há alguns meses atrás e que na verdade
parecia ter anos e anos, levantei e
procurei, encontrei-o e li. Fiquei mais bestificada ainda
com aqueles sentimentos que eu vivi, ou achava que
tinha vivido.

-Corro pros teus braços, em busca de beijos cálidos,
o desejo tomando conta do meu corpo. Sinto o meu amor em
goso, sinto a tua pele quente envolto na minha.
Suspiro de prazer ao ouvir tua respiração falha
e clara no meu ouvido...-

Só conseguir ler até aí, parei, respirei fundo,
acendi um cigarro, traguei e soltei a fumaça.
E ao olhar pra fumaça eu cheguei a uma conclusão
tão engraçada, mais que de certa forma faz
sentido: O amor é como fumaça: Fica ali apagado no nosso
coração por um tempo e depois alguém ou algo acendi as
chamas do amor, então vivemos aquilo como se fosse
a coisa mais importante e única nas nossas vidas,
somos tragados por aquele sentimento e depois ele se vai
e tudo aquilo que vivemos some como fumaça. E as
vezes nos lembramos, mais com um tempo essas lembranças
desaparecem pra sempre, ou se torna apenas um sonho
que não sonhamos.