terça-feira, 18 de maio de 2010

Buraco Negro - O Fim.


Ah, saudade!
Saudade do dia que se inicia e se recebe um beijo de bom dia.
Saudade de sair por aí dando bom dia a todo mundo.
Saudade de dar um forte abraço e recebé-lo de volta.
Saudade de dar um lindo sorriso e receber um muito mais lindo de volta.
Saudade de mandar uma mensagem pelo celular e receber uma fazendo com que meu dia si tornasse ótimo e convidativo.
Saudade de...
As vezes sinto que essas saudades não me encantam mais, toda
essa saudade se tornou apenas um nó na garganta, um buraco no peito, uma
saudade que me espanta.
Na verdade eu me importava sim, com todas aquelas saudades e com todos os
motivos que me faziam sentir saudade.
Ah vontade!
Uma vontade de fazer tudo de novo.
Uma vontade de começar do início.
Uma vontade de repetir a dose.
Uma vontade que vem e vai.
Uma vontade que se tornou uma verdadeira soda cáustica me fazendo dissolver,
me corroendo por dentro, deixando apenas uma aparência de bem estar para as pessoas,
sem que elas sobem que por dentro eu estava cada vez mais no fundo daquele maldito
buraco negro, a solidão.
Ah tristeza!
Uma tristeza que me faz querer sumir.
Uma tristeza que me deixar vulnerável.
Uma tristeza que me sufoca.
Uma tristeza que me faz rir e não me deixa chorar, nenhuma lágrima eu consegui
derramar, mais a vontade das lágrimas veio, mais só ficou na vontade mesmo e isso
se misturou com a certeza cheia de dúvidas, um torpor que não me deixava pensar
com clareza.
Ainda não me lembro bem, só sei que eu já estava admirando o crepúsculo, foi então
que agi por impulso, levantei com apenas um pensamento carregado de apenas uma
certeza... Uma pessoa.
Comecei a andar rápido, eu queria chegar logo lá, porque se eu não chegasse rápido
tudo ia se perder pra sempre e tudo que eu construir iria sumir naquele buraco negro.
Com apenas dois passos meu celular tocou, não ia atender, mais na hora que fui
cancelar a ligação eu vi quem tava me ligando e aquele sorriso mais bobo do mundo,
ou seja, aquele sorriso apaixonado surgiu nos meus lábios.
E pra mim mais nada importava, foi naquele momento que eu mesma suguei todo aquele
buraco e fiz com que ele sumisse, pois nada mais me importava, era o fim que terminava
e o início que se iniciava.


Buraco Negro - O Início


Eu andei pela praia, pisando descalça na areia gelada, pensando!
Ao final de uma longa caminha, da qual eu nem senti, só percebi
mesmo porque o sol já tava brilhando no céu e as pessoas começavam a
chegar, eu não me lembrava o que tanto havia pensado.
Sentei na areia e fiquei apenas contemplando a beleza infinita do
mar e ouvindo o som da água salgada lambendo a areia.
Senti o peso do cansaço de toda uma vida nas minhas costas, eu não
queria sair dali por nada, queria ficar pra sempre ali, queria
fazer parte daquele lugar.
Eu não sei nem como cheguei ali, nem sei o que pensei, só sei que
levantei cedo com o coração apertado, angustiado e então resolvi
sair as presas, sem olhar pra trás.
Quanto mais eu andava rápido, mais parecia demorar a chegar.
Mais chegar aonde? Eu sabia.
Eu queria mesmo continuar andando, sem olhar pra trás, isso fazia
com que eu não me preocupasse com o fim, com a chegada e com um
novo início.
O sol nem tinha saído ainda quando eu me sentei e a dúvida pairou no ar.
Não sei quanto tempo eu fiquei ali, mais quando percebi o som do
mundo chegou aos meus ouvidos, o barulho dos carros, das pessoas, dos
pássaros, dos vendedores ambulantes, das crianças, tudo preencheu o
silêncio em que eu estava.
E toda aquela abstração se foi, olhei a toda volta, o céu estava limpo e
claro, o sol brilhava todo majestoso no céu, as pessoas passeavam felizes,
uns com amigos, outros com seus filhos, outros com suas namoradas,
outros com seus bichinhos de estimação...
Enfim, o que eu tava fazendo ali, sentada, sozinha?
Foi nesse momento que me bateu um desespero, o medo que eu sempre temi,
a solidão!
A solidão que me refiro é aquela velha sensação de estar completamente só,
por mais que eu esteja numa roda de amigos, de conhecidos...
Durante esses últimos dias eu sentia esse vazio em mim, dentro do meu peito, doía,
mais não era uma dor física, era uma dor muito pior.
Meus amigos me ligavam, iam à minha casa, eu saia com eles, bebia horrores,
fumava horrores... Troquei ideias com eles sobre diversos assuntos, ouvi
músicas, fiquei de virote, eu estava bem lá com todas aquelas companhias,
mais ainda assim existia um buraco dentro de mim, me puxando pra dentro dele,
eu estava afundando cada vez mais e mais, e quando eu voltava em casa não
existia mais nada, apenas um buraco negro cheio de lembranças, saudades e dor, eu
estava vazia, dopada...